A moto da polícia liga a sirene e outras duas fazem a cobertura. Uma ordem é dada para que dois estranhos numa outra moto parem imediatamente.

 

Os policiais militares, com o braçal de Rocam (Rondas Ostensivas com Apoio de Motocicletas), com muita agilidade, descem e abordam os rapazes para fazerem a revista.

Enquanto um vasculha por qualquer vestígio de coisa errada, os outros PMs garantem a segurança do colega. Nada é encontrado. Os documentos são averiguados e estão em ordem. Os policiais agradecem ambos pela colaboração e os liberam.

A sequencia descrita acima poderia ter sido real mas fez parte de um treinamento que simula uma abordagem de policiais da Rocam que, mesmo com a dificuldade do trânsito caótico da cidade de São Paulo, conseguem agir de forma cada vez mais rápida e eficiente.

Divididos em dois pelotões, um matutino e um vespertino, os 186 policiais treinam diariamente como circular entre os carros, de forma ágil e cuidadosa, e também as abordagens a motocicletas.

“Graças à facilidade do uso de motos, chegamos muito rápido na ocorrência. Por isso, treinamos também como agir em situações específicas”, explicou o 1º Tenente Luiz Roberto Riva.

Hoje, as 120 motos do Batalhão da Rocam conseguem contornar o trânsito e chegar onde as viaturas demorariam muito. Mesmo assim, os chamados “veículos de quatro rodas” são importantes no apoio quando é preciso, por exemplo, levar criminosos para a delegacia. Há oito deles no batalhão.

A Rocam (Rondas Ostensivas com Apoio de Motocicletas) foi criada em 1982 para a realização de um policiamento que não fosse atrapalhado pelos congestionamentos e conseguisse, com uma maior facilidade, abordar motos para averiguações de rotina de uma forma rápida e eficaz. Inicialmente, a Rocam foi uma Companhia do 1º Batalhão de Choque (ROTA- Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) e, mais tarde, em 1986, foi transferida para o 2º Batalhão de Choque, onde permanece até hoje como a 3ª Companhia.

Em 1998, a ROCAM começou a realizar escolta de autoridades, tarefa que executa até hoje.

 

Como funciona

As ocorrências enviadas pelo Copom são selecionadas pelos comandantes dos pelotões que as distribuem. Os patrulhamentos são destinados às áreas observadas e escolhidas por apresentarem necessidades particulares de policiamento.

Segundo o tenente, outro ponto positivo no patrulhamento com motocicletas é a rápida abordagem a um dos veículos mais utilizados por bandidos para a prática de crimes, a própria moto. “O policial de ROCAM é muito habilidoso com a moto e consegue promover a redução da criminalidade nas áreas em que atua”, explica.

Mesmo com o treinamento e a agilidade adquirida, o coordenador operacional Major Luiz Gonzaga, há 22 anos no 2º Batalhão de Choque, explica que o trabalho dos policiais nas motos sempre envolve riscos maiores de acidentes. “É um trabalho difícil pois, além de estar sempre atento ao trânsito e seus riscos, o policial militar deve se preocupar com a sua função”, explica. Em toda a história da Rocam, apenas um PM morreu em acidente com moto.

 

Para ingressar na Rocam

Para trabalhar na motocicleta, o policial faz um estágio de três meses para que possa mostrar se possui ou não o domínio na direção da moto e se consegue realizar manobras arriscadas nas ruas abarrotadas de veículos. Depois disso, ele participa de um curso de um mês onde aprende a teoria e a prática em técnicas de pilotagem (On Road, no asfalto, e Off Road, na terra), de abordagem, manutenção mecânica das motos, treinamentos físicos, formas de escolta, direitos humanos e legislações.

Na Rocam, cada PM é responsável por sua motocicleta e, logo que entra, já é ensinado sobre a lavagem, a manutenção e outros cuidados em geral.

“Não basta o nosso policial saber andar de moto, ele tem que ter habilidade para conseguir efetuar a prisão de pessoas que cometem roubos com motos e roubos a motos”, acrescenta o tenente Riva.

Policiais de outros batalhões ou até mesmo de outros Estados também participam do curso para transmitirem seus aprendizados aos colegas já que, hoje, praticamente todas as unidades da Polícia Militar possuem uma equipe de motocicletas que segue os “mandamentos” da Rocam que, até 2004, era a única a realizar este tipo de patrulhamento.

Na sexta-feira passada (26), 25 PMs de São Paulo, de outros batalhões, e dois do Ceará se formaram no Curso de Especialização de Policiamento com Motos que durou 25 dias. Esses policiais já eram da Rocam e estavam realizando o curso para se aperfeiçoarem.

 

Mulheres no Patrulhamento com motos

O setor operacional da Rocam hoje conta com apenas uma mulher, mas já houve época em que cinco delas ocupavam as motos do batalhão.

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