O primeiro nome do Rio de Janeiro foi “Ria” de Janeiro.

No século XVI, assim como o Latim “rivus” deu ribeiro e ribeira, deu “ria” também, palavra hoje em desuso, mas que designava braço de mar, canal de água salgada ou mesmo um trecho sinuoso, maior do que uma enseada e menor do que um golfo. Era este o caso do que veio a chamar-se Baía da Guanabara.

O experiente navegador Gaspar de Lemos, que a descobriu no dia 1º de janeiro de 1501, jamais confundiria água salgada com água doce, e a denominou “Ria” de Janeiro.

Naquele mesmo século, mas trinta anos depois, outro navegador, Pero Lopes de Sousa, escreveria um Diário da Navegação, e cometeria o erro de transcrição que ia mudar o nome da localidade de “Ria” de Janeiro para Rio de Janeiro, erro que seria cometido por outros, mas sem que ele os influenciasse muito, pois suas anotações tinham sido lidas por poucos quando  Francisco Adolfo de Varnhagem as descobriu, em 1839. 

É que ele vinha referindo o Rio da Prata, o Rio Paraná, o Rio Uruguai e, na sequência, escreveu Rio de Janeiro. Manteve o padrão de dar nomes aos lugares pelos acidentes geográficos, esquecendo-se de que o antecessor escrevera “ria” e não “rio”, embora o Latim “rivus”, que mudou para “rius” e enfim para “rio”, se aplicasse à corrente de água doce, como regato, rio, sanga, córrego, riacho, sanga etc., mas não mar! 

Quando Estácio de Sá fundou a cidade, no dia 1º de março de 1565, já não se escrevia  mais “Ria de Janeiro”.  Estava consolidado Rio de Janeiro, nome que hoje se aplica  ao estado e à sua capital, que não é mais do Brasil, pois a transferida para Brasília deu-se ainda em 1960. 

No Rio, sobrepõem-se à violência urbana a clara luz de seus dias, o frescor úmido de suas noites e madrugadas, e o espanto dos morros que sitiam a cidade dourada e maravilhosa, e a mantêm refém de tantos perigos. Mas ela ainda é um dos lugares mais aprazíveis para passar uma noite mal dormida numa pousada desconfortável, como Teresa d’Ávila definiu a vida.

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