“A General foi a rua nobre do comércio de São Carlos. Ali onde é a Associação Comercial funcionou o primeiro banco de São Carlos. Depois de 2000 o comércio começou a se deslocar para o alto, e hoje é a Carlos Botelho”, diz senhor Lineu Gualtieri, que trabalha na General há mais de 60 anos. De família de comerciantes, ele apresenta a neta Patrícia, de 27 anos, que trabalha com ele: “Ela é da 5ª geração da família que vai seguir no comércio”.
A manutenção de certas tradições, no entanto, parece não acontecer ao longo de toda a rua: “Encontrar novos técnicos de eletrônica que queiram trabalhar com conserto é muito difícil. Falo com antigos professores meus e eles dizem que a molecada sai pra trabalhar em grandes empresas”, explica o senhor Donizete, proprietário de um oficina na General Osório desde 1979, e formado na Industrial em 1981. E completa: “Afinal, é uma profissão em declínio, com o preço baixo dos produtos e o preço alto das peças”. Segundo o proprietário, muitos clientes deixam a peça para o conserto e não voltam para buscar. Mas embora a procura por conserto de aparelhos eletrônicos tenha diminuído, ele afirma que ainda é procurado por pessoas que gostam de antiguidade e se esforçam por manter os modelos anteriores.
Há 24 anos instalado na rua, Sérgio Auad, proprietário de um aloja de materiais de costura, diz que embora o movimento tenha diminuído, ainda é bom: “O pessoal está ganhando mais, comprando mais”, e afirma que a instalação do Poupatempo trouxe maior movimento para região.
Funcionando desde 1977 nas cercanias da General, a Pastelaria Tomazi também sentiu as mudanças do comércio de São Carlos. “Antes o movimento era aqui. Às 22 horas eu mantinha aberto porque quando comércio ficava aberto aparecia gente. Hoje, mesmo que o comércio abra às 22 horas, não aparece quase ninguém”, diz Romoaldo Tomazi, que herdou a pastelaria do pai, e diz ter adotado uma estratégia para se adaptar a diminuição de fregueses no estabelecimento: “Começamos a entregar. Entregamos para escolas, padarias, caso contrário não conseguiríamos manter”.
“Comecei em 1979 aqui na rua, trabalhando com eletroeletrônicos e brinquedos”, diz o sr. José, “mas quando entrou esse negócio de loja de 1,99, mais ou menos em 2000, eu mudei pro negócio de móveis usados”.
Há meio século trabalhando com a venda de calçados na General, o senhor Pedro de Paula Pereira afirma: “Aqui era bom pra caramba. Do calçadão pra cá caiu o movimento. É só ver quantas lojas fechadas”.