Donos de lojas de revendas de carros seminovos de São Carlos estão reunidos para criar uma associação que tem como meta apresentar um projeto de lei à Câmara de Vereadores para impedir a realização de feirões de carro na cidade, como já ocorre em cidades paulistas como São José do Rio Preto, Franca e Jaú.
Capitaneado por Júlio César Cassandro, um grupo de aproximadamente 70 donos de loja quer incluir na Lei 11.393, de 1997, que regulamenta a realização de feiras na cidade, que uma comissão formada por dez pessoas possa avaliar primeiro se a feira que se pretenda realizar não fere os interesses do comércio estabelecido.
De acordo com Cassandro, os feirões de automóvel estão tirando o público do dia-a-dia das lojas de carro e com isso os comerciantes perdem a oportunidade de fidelizar o cliente.
“Enquanto os feirões estavam dando lucro valia a pena investir. Atualmente, os lojistas estão tendo prejuízo na realização dos eventos. Em média, um feirão para dez lojistas sai por R$ 70 mil; 70% ficavam com os lojistas e o restante bancado por bancos e financeiras. Agora os bancos estão se retirando do processo e o ônus recaindo sobre nós”, afirmou.
Cassandro afirmou ainda que com a possibilidade de uma emenda à legislação vigente, a criação de um conselho de comerciantes pode resguardar o comércio local de aventureiros de outras cidades que fazem eventos por aqui e levam o dinheiro da população economicamente ativa para fora da cidade, deixando assim o “comércio local a ver navios”.
O grupo de lojistas de revenda de carros seminovos quer a participação da Associação Industrial e Comercial de São Carlos (Acisc) para que a lei possa atender a outros segmentos comerciais como roupas e calçados, por exemplo.
ACISC – De acordo com o presidente da Acisc, Alfredo Maffei Neto, a entidade ainda não foi consultada, mas ele sabe de bons resultados em cidades que aprovaram o fim dos feirões. “Posso garantir que a Acisc não vê com bons olhos essas feiras que chegam na cidade. São como gafanhotos, vêm, consomem o dinheiro da população e não deixam nada em troca”, afirmou.
Para Cassandro, outro fator que tem mobilizado os lojistas é que eles trabalham inclusive nos fins de semana para não perder o cliente que sumiu das lojas. “Temos custo com o traslado dos carros, segurança do evento e funcionários, além de perdermos o dia de descanso”, afirmou.
Estima-se que a cidade tenha perto de 90 lojas que atuam no ramo de revenda de carros seminovos. Mais de 70 desses já se comprometeram a participar da associação que deverá ter na próxima quinta-feira a primeira reunião para definir a diretoria e até o final de maio a documentação, incluindo o Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) registrado.
A associação pleiteia também que ela seja a responsável pela realização dos feirões na cidade, mas um a cada semestre e não um por mês como vem acontecendo nos últimos anos.