Em 2011 três jovens são-carlenses com idade entre 14 e 16 anos resolveram criar o blog futebolístico ‘Do Outro Lado da Bola’, para falar especificamente sobre o futebol na Oceania. O sucesso foi tanto que acabaram convidados pelo Globo Esporte a administrar uma página no site específica sobre o assunto, o qual eles abastecem com as informações postadas no próprio blog Do Outro Lado da Bola.
“Resolvemos criar o blog porque seria legal falar sobre um lado do futebol que poucos conhecem. Quanto ao convite do Globo Esporte, na verdade foi por intermédio de um brasileiro que morava na Austrália e administrava a página, mas que não estava conseguindo acompanhar o que estava acontecendo, ele conhecia nosso blog e resolveu nos convidar para administrar a página no site da globo”, explica João Vitor Gonçalves, que nesse ano é calouro em Medicina na UFSCar.
Todas as informações são encontrados nos sites das federações e equipes locais e traduzidas pelos próprios garotos. Mas, algumas vezes os contatos são feitos com os próprios jogadores. “Fora alguns clubes da Nova Zelândia, temos pouca ou nenhuma informação de eventos futebolísticos por causa do amadorismo dos clubes e federações, então a alternativa é buscar contato com jogadores. Hoje, temos informações que nem mesmo parte da imprensa tem, por exemplo, sobre a seleção do Taiti. Além disso, ainda possuímos contato com jornalistas do Vanuatu [país da Oceania], e membros de certas confederações’”, afirma Gustavo Curvelo, de apenas 16 anos, que cursa o ensino médio e pretende seguir carreira no jornalismo esportivo.
O trio é apaixonado por futebol alternativo, acompanham vários torneios de equipes armadoras, e sabem tudo sobre o “futebol lado B”. É o que conta Rodrigo Augusto, outro administrador do blog. “O futebol da Oceania é algo único, apaixonante e fora do normal. Lá existe histórias impares, como a do goleiro Nicky Salapu, da seleção da Samoa Americana, que era titular na histórica derrota de seu país diante da Austrália em 2001, por 31 a 0. Após a derrota o goleiro cogitou parar de jogar, mas prosseguiu na carreira. No ano passado, em partida realizada na Samoa e válida pelas Eliminatórias para a Copa de 2014, foi titular na vitória de seu país sobre Tonga, por 2×1, a primeira vitória da história de sua seleção. Ao término da partida, virou-se para o técnico Thomas Rongen e, chorando, disse que agora finalmente poderia dizer para seus filhos e netos que é um vencedor”.
Quem é o Taiti* – Com a classificação histórica do Taiti para a Copa das Confederações do Brasil, o Portal Primeira Página abre espaço para os garotos ‘Do Outro Lado da Bola’ explicarem exatamente quem é a equipe que representa a Oceania no torneio.
“O Taiti chegou à Copa das Confederações como principal surpresa. Campeão da Oceania (com 5 vitórias em 5 jogos), o time amador comandado por Eddy Etaeta veio para o Brasil sem maiores pretensões, visando aproveitar o momento mágico de disputar uma competição oficial ao lado de seleções como Brasil, Uruguai e Espanha.
Acostumados a disputar o campeonato local sob os olhares de uma média de 100 torcedores por partida, os atletas amadores dividem suas atenções entre o esporte e suas profissões (à exceção do meia Marama Vahirua, único profissional do grupo, que atua no futebol grego). Entre as profissões, há algumas bem curiosas. O goleiro Mikaël Roche, por exemplo, é professor. Já o zagueiro Wagemann é alpinista, enquanto o atacante Samuel Hnanyine ganha sua vida como carregador.
Além da jornada dupla, os jogadores taitianos convivem em “ambiente familiar”. A Família Tehau é o grande destaque da equipe, tendo quatro dos 23 convocados, sendo 3 irmãos (Alvin, Jonathan e Lorenzo) e um primo (Teaonui). O time que mais cedeu jogadores aos To’a Aito (apelido da Seleção taitiana) foi o Dragon, atual campeão nacional, com 12 atletas, seguido pelo Tefana, com 6”.
(*colaboração: Do Outro Lado da Bola)